domingo, 19 de setembro de 2010

A beleza salvará o mundo - Barbatucando em Porto Alegre

Nesta semana tive a oportunidade de colher os frutos de uma mentalização positiva que começou há algum tempo. Estive fazendo uma oficina de percussão corporal com o Fernando Barba, do Barbatuques, aqui em Porto Alegre. O Barba deu a oficina por aqui aproveitando sua passagem pelo estado para realizar um show em Caxias no dia 16. 

A história é longa, mas tentarei abreviá-la o maximo possível. 

Segunda à noite antes de dormir descobri a oficina dos Barbatuques que rolaria na terça-feira seguinte. Menos de 24 horas depois me encontro dando uma caroninha pro Barba do hotel até o Colégio Parobé, local onde rolaram os dois dias de oficina. A carona foi resultado de uma maluca coincidência destas que rolam com a gente volta e meia, nos levando a acreditar que o acaso na verdade é fruto da nossa força de vontade...

Bom, depois de quase passarem por cima do meu fusca umas três vezes no trajeto do hotel até a escola, chegamos inteiros. Tentei dirigir da forma mais tranquila possível, mas confesso que minha atenção estava compromeitda devido a um misto de euforia e de felicidade por estar ao lado de uma pessoa pela qual eu tenho admiração, que acabou aumentando após o curto tempo de troca de experiências.

Ao descermos do fusca o Barba me larga uma afirmação que me pegou desprevenid. Falou algo do tipo:

- Você viu Vênus ali em cima?

-Vênus? 

- Vênus, aquele ponto brilhante no céu. Uma estrela maior e mais reluzente do que as outras. Na verdade um planeta, o mais próximo da terra, surge sempre no amanhecer e ao anoitecer!

Eu, que estava completamente concentrado na sinaleira que teimava em não fechar, fiquei surpreso. A lição número um da oficina estava dada: às vezes dedicamos a nossa atenção às coisas menos importantes...

Bom, chegamos na escola. Descrever as experiências vivenciadas nestes dois dias de convivência com o Barba e com novos e instantâneos amigos como a Elinka Matusiak, que produziu o evento, seria muito difícil. Acredito que esta oficina me surpreendeu pelo fato de que, além de ser uma lição de humildade, de senso de grupo e de partilhar energias positivas, me lembrou do real motivo pelo qual quis me tornar um fazedor de Arte. 

Fazemos Arte porque amamos a vida, porque Arte é a vida fluindo, porque podemos nos reinventar a cada segundo. Podemos Viajar por todos os lugares, mergulhar nas mais diversas sensações, sofrer, rir, chorar, amar, gozar... Arte é antes de mais nada a nossa busca incessante pela felicidade. É Através da Arte que o homem se relaciona, ao mesmo tempo, com o mundo, com Deus, consigo e com o outro.

É através da Arte que buscamos o Belo, já dizia Mário de Andrade. "O Belo é tudo o que desperta um prazer deslumbrado em nós..."

Com estes dois dias de vivência da música orgânica, da música corporal, experimentamos por diversas vezes a sensação da beleza. Aliás, com todo o respeito ao meu camarada Barba, após esta experiência arrisco dizer que o termo "Música Orgânica" começa a ter um sentido meio redundante para mim. Música é orgânica: vem do corpo e da alma. É sentimento em movimento...

"A beleza salvará o mundo", escreveu Dostoievsky. O planeta Vênus foi batizado com este nome em homenagem à Deusa do amor e da beleza dos romanos. Nós artistas vivemos nossa eterna busca pela beleza. Desta forma nos sentimos vivos e felizes. Isto o Barba me relembrou na sua lição número um, antes da oficina começar, olhando para um tímido astro belo e brilhante fazendo companhia à lua cheia, que se anunciava no início de mais uma noite no Rio Grande.

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